A vida corre

Recordo nossas risadas. Época boa. O passado às vezes deveria continuar sendo um presente, ainda que atualmente de um jeito diferente.

Tudo muda.

Nem sempre como gostaríamos que fosse, e mesmo sendo contra nossa vontade, as mudanças não param de acontecer.

Foram boas as lições que aprendi conosco, inclusive pela dor, acredito que nem eu e nem você estávamos preparados na época para aprendê-las pelo amor.

Peço-lhe desculpas. Perdão pelas magoas causadas, intencionais ou não. Pelas palavras cortantes, por omissões e pelos erros não sanados a tempo.

Olho para traz e vejo que fiz o meu melhor, sendo por vezes necessário desvendarmos cada dia mais quem somos para percebermos estarem nossos melhores atos da época, bem abaixo da nossa capacidade de amar.

Tive meu tempo. Necessidade.

A vida continua correndo. E como corre.

Já eu parei. Estagnei minha caminhada para me conhecer, aspirações, sonhos e perspectivas, meus, e não aqueles vindos de fora, aceitos como de minha autoria.

Precisava de mim e hoje sei o quão foram importantes os momentos de solidão. Nestes descobri que nunca fui só e por mais que inexista presença física próxima, ainda que a quilômetros de distância, sou inteira.

O aprendizado continua diariamente. Obrigada por ter feito parte deste meu novo eu. O qual compreendeu poder adquirir o conhecimento pelo amor, com o exercício da caridade, pelas experiências das amizades, onde só depende de sabermos quem somos e o que queremos para nós.

Admito, até o momento em que me obriguei a parar e me encarar, não sabia quem era. E para desvendar esses mistérios, recuei e refleti. Confesso ter exercitado o verbo chorar também. Mas um lagrimar de limpeza, de olhar-me no espelho, nua, sem outros olhares que poderiam me fazer usar qualquer forma de maquiagem. E nesse momento comecei a despertar, a desvendar meu eu, passado, presente e futuro, avistando o quanto necessito evoluir a fim de alcançar quem almejo ser. Não um ser de estar ou de ter, mas sim o de existir, aprender e produzir, ou seja, ser.